Como lutar por um mundo solarpunk

O mundo está cada vez mais perto de se tornar uma distopia ciberpunk: dominado por corporações, marcado por desigualdade social extrema, vigilância massiva, degradação ambiental, tecnologias opressivas, corrupção generalizada, etc. O hipercapitalismo comendo solto às custas da natureza e da própria humanidade, tudo em nome do lucro.

Mas, enquanto alguns pregam divisão e isolamento, ainda há quem acredite que o futuro está em construir pontes, não muros. A verdadeira grandeza de um povo não está em dominar outros povos, mas em colaborar para criar um mundo onde todos possam prosperar, em harmonia com a natureza e em paz uns com os outros.

A pergunta crucial: é possível conciliar tecnologia, sociedade e natureza? Há vários movimentos que propõem alternativas. A ideia de uma utopia solarpunk nos dá muitas ferramentas para pensar na solução desse problema, com suas ideias utópicas baseadas em justiça social, decrescimento, sustentabilidade, resiliência comunitária e redes de apoio locais. Algumas dessas ferramentas são a agroecologia, a agricultura urbana, o uso de energias renováveis, a descentralização do poder, tecnologias de baixo impacto ambiental (incluindo saberes ancestrais), reciclagem, colaboração, empatia, cuidado e valorização da diversidade.

Enquanto alguns veem a natureza como um recurso a ser explorado até a exaustão, ainda há quem veja na natureza uma aliada. A verdadeira riqueza não está no petróleo sob nossos pés, mas no sol que brilha acima de nós, no vento que sopra livremente e na terra que nos alimenta. O futuro está em construir uma economia que regenera, não que destrói.

Enquanto alguns investem em muros e armas, ainda há quem invista em comunidades. A verdadeira segurança não vem da militarização, mas da capacidade de cuidar uns dos outros, de construir redes de apoio e de garantir que ninguém seja deixado para trás.

Porém: as gigantes corporativas detêm o controle das narrativas e da economia. Elas dominam os dados, os fluxos, os mercados e as políticas, e por isso a luta por mudanças é cada vez mais uma batalha desigual. Sem estratégia, não tem luta possível. Além disso, o ceticismo, a apatia e o derrotismo só aprofundam o abismo em que a gente se encontra.

A luta é muito difícil por vários motivos. O principal é a falta de recursos. Como competir com quem controla as ferramentas que usamos para nos comunicar e nos organizar? As redes sociais, as plataformas digitais e os meios de produção estão nas mãos deles. 

Ainda assim, há iniciativas que funcionam como “armas” de resistência: hortas comunitárias, ecovilas, bicicletadas, cooperativas de energia solar, moedas alternativas baseadas em blockchain, copyleft, software livre. Essas ações promovem autonomia e sustentabilidade, elas têm impacto, mas — é claro — são limitadas diante do poder das corporações.

Mas enquanto alguns celebram o crescimento econômico que beneficia apenas alguns, ainda há quem lute por uma economia que funcione para todos. A verdadeira prosperidade não é medida pelo lucro das corporações, mas pelo bem-estar de cada um de nós e pela saúde do nosso planeta.

Enquanto alguns espalham medo e divisão, ainda há quem escolha a esperança e a união. O futuro que queremos não é construído sobre muros e exclusão, mas sobre pontes e inclusão. Juntos, podemos criar um futuro onde todos tenham lugar ao sol.

Enquanto alguns espalham mentiras e confusão, ainda há quem acredite no poder da verdade e do conhecimento. A educação é a chave para um futuro sustentável, e a transparência é a base de uma democracia saudável.

Enquanto alguns pregam o individualismo e a competição, ainda há quem saiba que o verdadeiro progresso vem da colaboração. Juntos, podemos construir um futuro onde todos prosperem, não apenas alguns.

A utopia solarpunk é, por definição, um processo lento. Depende de mudanças culturais profundas e da transformação de valores enraizados na sociedade, as pessoas acham que o mundo atual é “natural”, e não histórico. 

Mas, ainda assim, a gente pode — e deve — ter esperança! Não é necessário unanimidade para mudar o rumo das coisas. É imprescindível a gente saber disso. O conceito de massa crítica demonstra que apenas uma parcela da população precisa se engajar para que as transformações comecem a acontecer. Embora haja divergência sobre qual seria esse percentual, já está demonstrado que não é alto.

Em termos práticos, para avançar, a gente precisa:

  1. Reduzir a dependência das megacorporações e promover a descentralização do poder.
  2. Construir redes locais autossustentáveis, como cooperativas, sistemas de apoio mútuo e inclusive redes de crédito comunitário.
  3. Combater a apatia, o derrotismo, a alienação e o individualismo, que nos mantêm presos ao status quo.
  4. Resistir de forma não violenta, por meio de protestos, ocupações e outras formas de ação direta.
  5. Enfrentar a desinformação com educação e conscientização.
  6. Fomentar o ativismo e a participação coletiva, mostrando que um futuro melhor é sim possível!

São desafios gigantes, sim, mas a esperança está na nossa capacidade de se reinventar e de construir alternativas. São milênios enfrentando gigantes, essa é a nossa história. 

O solarpunk não é apenas um gênero literário ou artístico; é um chamado à ação. 

As utopias nos lembram que, mesmo em um mundo dominado por distopias, ainda há espaço para sonhar e lutar por um futuro mais justo, sustentável e humano.

Quem está dentro? Como você pode contribuir para essa luta? O que você está disposto a fazer agora?

 

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